Filha de cabeleireira não é muito aventureira

Ontem foi dia de cortar o cabelo. Já estava a precisar. Estava muito comprido e muito inteiro, sem corte. Sou filha de cabeleireira, e portanto, nunca outra cabeleireira pois as mãos no meu cabelo a não ser a minha mãe. Vai daí, há todo um à vontade no momento de por as mãos na tesoura e começarem os nervos em franja.

Como lá diz o ditado, em casa de ferreiro espeto de pau. Não há dia que não peça à minha mãe para me cortar o cabelo que ela não diga que não pode, que amanhã, ou no fim de semana...blá blá blá blá.

Eu que só corto o cabelo umas duas vezes no ano. Antes do verão e depois do verão. E às vezes, assim , na loucura, mais uma, mas só para cortar as pontas.

Nunca sou muito aventureira. Desde que me conheço sempre usei o cabelo comprido (que já é uma das minhas imagens de marca). Umas vezes faço franja. Outras escadeio. Outras corto um pouco mais (mas não muito, vá).

Pintar, nunca pintei. Gosto da cor natural do meu cabelo, castanho claro. E no verão com a praia, fica ainda mais claro, parece que tem madeixas.

Ontem, então, foi dia de cortar o cabelo. E de ter um ataque de pânico e quase choro, quando vi que a minha mãe se esticou e escadeou demais os meus longos cabelos(que já eram). Primeira reacção foi a de por a minha mãe num ataque de nervos, ao ponto de ela me dizer para a próxima ir ao cabeleireiro (diz sempre isto, já não ligo). Segunda reacção foi apanhar o cabelo e dizer que ia andar sempre com ele assim para não se notar tanto o corte. Terceira reacção foi ver se dava para fazer uma trança de lado e mesmo assim ficar comprido. Quarta reacção perguntar a toda a gente se ele estava muito corto (reacção que se tem prolongado ao longo do dia de hoje). Quinta reacção, a opinião do namorado. Gostou. Diz que está grande na mesma. Acho que só diz isso porque sabe como eu sou e se disser o contrário vai aturar-me durante duas hortas a fazer uma dissertação sobre todo o corte em si. No entanto, ouviu-me na mesma porque acho que a opinião não foi verdadeira, foi simplesmente, para não me ouvir. O que acontece em qualquer das hipóteses. Coitado. Quem manda viver comigo. É a  pessoa que tenho mais próxima para desabafar loool E os namorados também são para estas coisa, não é? É!

Depois quando corto o cabelo, outra das reacções (a sexta, neste rol de reacções que aqui descrevo) é achar que há muitas pessoas com o cabelo mais comprido que o meu e que o meu já esteve assim e que eu cortei não sei porquê. 

Agora que já passaram algumas horas, já estou mais calma e até já olho para o meu cabelo com outros olhos. E já me vou habituando. Até que o acho giro. E para mudar um bocadinho o look. Já que não pinto nem faço cortes radicais. Assim, um escadeadozinho não faz mal a ninguém. E como a minha mãezinha diz fico linda de qualquer maneira. Obrigada mãe pelo elogio e por me aturares, pois sou a cliente  mais difícil que tens e ainda por cima não paga.

 

                                               Antes                                                Depois

P.S. Nem eu sou aquela, nem me transformei na Miranda Kerr. É só para ficarem com uma ideia do corte que fiz.